quarta-feira, 15 de junho de 2011

não me interessam as hostes das odes

Não me interessam as hostes das odes
Nem o encanto das fantasias elegíacas.
Quanto a mim, nos versos tudo deve ser a despropósito,
Não ao modo das outras pessoas.

Se soubésseis de que porcarias
Crescem os versos sem terem vergonha,
Qual pampilho marelo nas cercas,
Qual bardana ou celga-brava.

Grito irritado, cheiro do pez fresco,
Misterioso bolor na parede...
E já soa o verso, fogoso, terno,
Para vossa alegria, e minha.


Anna Akhmatova
(tradução de Joaquim Manuel Magalhães e Vadim Dmitriev)
in Poemas, Relógio d'Água

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