terça-feira, 13 de setembro de 2011

we're all gonna burn in hell


Hoje fui a ouvir os Yeah Yeah Yeahs a caminho do trabalho. Enquanto passava as estações de metro ouvia o Fever to tell e voltei a 2003. Lembrei-me das noites no Incógnito e lembrei-me das tardes/noites em casa do Rodrigo numa fase em que era fixe ficar sentada a ouvir música enquanto não faziamos mais nada além de gritar as letras sem comunicar uns com os outros. Na altura não havia futuro. Não por uma perspectiva pessimista sobre a vida mas porque nos limitávamos a não pensar no assunto. Não tinha importância. Os meus problemas eram coisas muito simples, não tinha contas para pagar e perder o sítio onde morava nunca foi uma possibilidade. Tinha 16 anos e não pensava em ir para a faculdade nem sequer tentava imaginar o que seria o meu futuro.  Sei no entanto que não o imaginava como é. Saí da estação de metro e voltei ao presente. Tenho 24 anos e trabalho oito horas por dia fechada num call center. Vestia uma camisa, sandálias com salto e tinha maquiagem no rosto. Embora na altura não fizesse grandes planos para o futuro sei que nunca pensei estar aqui e ser assim. Continuo a não querer pensar muito no futuro, desta vez porque a realidade obriga-me a ser pessimista. O mundo continua a avançar e parece que decidi sentar-me à espera do que acontece.

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